sábado, 17 de setembro de 2011

O PROJETO INICIAL

Abaixo, reproduzimos o texto do Projeto para o Fomento da Integração Entre o Ensino de Língua e Literatura na Formação e Práticas Docentes, apresentado na disciplina de Lingüística e Ensino em 2009. Tal projeto previa a realização de um fórum para discussão, que realizou-se em 2010, e de um grupo de trabalho, que foi criado em 2011.
O ensino de Língua Portuguesa e de Literatura é dissociado na maioria das instituições de ensino. No IL-UFRGS essa é uma discussão polêmica, pois existem opiniões diversas sobre o fato de essa dissociação ser ou não um problema na formação dada pela Instituição. Apesar de ser um tema recorrente em várias situações acadêmicas, não há um debate mais amplo e organizado sobre o assunto.
Acreditamos que trazer o assunto para o debate, além de proporcionar elementos para que graduandos e professores possam aprofundar essa discussão, acaba por trazer à tona outras questões relacionadas, como por exemplo:
      • O que é ser professor de Língua Portuguesa hoje?
      • Podemos fazer a integração entre língua e literatura acontecer aqui mesmo, no curso de Letras?
      • Quais são os prejuízos que essa dissociação causa aos alunos?
      • Como fazer os professores de língua e literatura trabalharem juntos?
As práticas de ensino, tanto as de formação quanto as de atuação do professor, (informalmente observadas pelos graduandos que apresentam esse projeto) têm gerado uma cultura de distanciamento entre a Língua e sua Literatura. A visão da Literatura como objeto estético - característica da crítica literária - parece ter sido transferida para o ensino de Língua, anulando a possibilidade de integrá-lo à prática pedagógica como objeto sócio-lingüístico. Já no ensino de Literatura, apenas os aspectos estéticos e historiográficos são abordados, considerando que os aspectos lingüísticos são da área do ensino de língua.
Essa visão, no nosso entendimento, têm privado alunos e professores de uma prática mais rica e, consequentemente, mais crítica. A reflexão que justifica a necessidade de integração entre o ensino de língua e literatura, no nosso entendimento, está sintetizada neste trecho do Referencial Curricular Estadual, publicado este ano (2010):

“Estudar língua e literatura em uma única disciplina decorre do entendimento de que, em ambas, o centro está no texto e ambas são fenômenos eminentemente dialógicos, fruto do trabalho de linguagem dos sujeitos históricos, da ação interacional de sujeitos situados. A união desses componentes numa única disciplina fundamenta-se, ainda, na intensa relação que se estabelece entre os fenômenos da língua e da literatura na constituição histórica do português como língua representativa de uma cultura. Além disso, não apenas a linguagem é a matéria-prima a partir da qual a literatura é constituída, mas a literatura é, entre os diferentes usos da língua portuguesa, aquele mais vinculado à produção de um conhecimento de si e do mundo especificamente fundado no fenômeno da língua, limitado ao mesmo tempo por seus constrangimentos e viabilizado pelos seus potenciais expressivos. Aprender e ensinar língua portuguesa significa também aprender e ensinar literatura, e vice-versa.”

O mundo vive um momento de crise de paradigmas, e todos os conceitos da modernidade estão postos em debate, principalmente as visões de conhecimento e cultura. Passamos das linhas de pensamento para as redes de conhecimento. No que se refere à educação, a transdisciplinaridade se configura como o parâmetro da pós-modernidade. Assim, entendemos que em relação ao ensino de Língua e Literatura, muito mais se justifica pensar em uma prática transdisciplinar. Para isso, entendemos que o futuro professor de Língua Portuguesa e Literatura deve ter a oportunidade de fazer essa discussão entre seus pares.

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